domingo, 28 de dezembro de 2008

Certificações Profissionais: Somente o PMP é suficiente?

Por José Eduardo Motta Garcia, PMP (jose.eduardo.garcia@gmail.com)
Vistas por muitos como caça-níqueis de empresas e instituições, as certificações profissionais, que há tempos fazem muito sucesso entre os profissionais de TI, também estão presentes no mundo do gerenciamento de projetos. E nesta área, a certificação PMP do PMI é, sem dúvida, a mais conhecida e desejada. A pergunta é: quais outras certificações seriam importantes, além do PMP?
Partindo do pressuposto de que conhecimento nunca é demais, muitos poderiam responder que qualquer uma, relacionada à área de atuação, seria importante. Porém, além da questão financeira, temos que lidar com um recurso limitado, não renovável e cada vez mais escasso – o tempo.
O próprio PMI lançou as certificações CAPM, voltada para profissionais de projetos em início de carreira, e a PgMP, para os gerentes de programas com grande experiência. Ambas, por motivos distintos, ainda não se popularizaram no Brasil. A CAPM enfrenta um problema de que o mercado exige o PMP, seja qual for o nível de atividade a ser realizada. Já a PgMP, além de ser mais recente, possui mais pré-requisitos e um rigoroso processo de avaliação, e não apenas um exame.
No Brasil, muitos gerentes de projetos são oriundos da área de TI. Com isso, algumas certificações mais voltadas à tecnologia são freqüentemente requisitadas, como o ITIL, para gerenciamento de serviços de TI, e o COBIT, para governança de TI alinhada ao negócio.
Para metodologias de gerenciamento de projetos há várias opções. Entre as principais, destaque para a PRINCE2, criada pelo governo britânico, cuja principal vantagem é a flexibilidade de adaptação a cada projeto, e que cresce a cada ano no Brasil com as certificações Foundation e Practitioner. A suíça IPMA (International Project Management Association), representada no Brasil pela ABGP (Associação Brasileira de Gerenciamento de Projetos), é a mais antiga associação mundial em gerenciamento de projetos e também possui seu programa de certificações, dividido em 4 níveis. Há ainda metodologias alternativas e não menos interessantes, como a da Scrum Alliance, para gerenciar projetos ágeis, que concede a certificação Scrum Master para quem conclui com sucesso seu treinamento oficial.
Com relação a ferramentas, também existem as certificações específicas para os principais sofwares utilizados na área de projetos. A IIL (International Institute for Learning) certifica profissionais em Microsoft Project, com os níveis White, Orange, Blue e Black Belt. O Primavera, outro software bastante utilizado, possui certificações para os níveis básico e avançado.
Em se tratando de melhoria de qualidade em processos, a Six Sigma, criada a partir de práticas ensinadas na Motorola University, reina absoluta em popularidade. Posteriormente foi incorporado o conceito Lean, que é dar foco no que realmente é essencial. Esta certificação também possui vários níveis e a fonte mais respeitada é a ASQ (American Society for Quality).
Outro assunto que freqüentemente está na pauta de discussões entre profissionais da área é o modelo de maturidade. Para se montar um PMO, por exemplo, é quase inevitável utilizar um. O PMI possui o OPM3, e as certificações são para Assessor e Consultant. O mais utilizado, CMMI, também possui treinamentos oficiais no Brasil, reconhecidos pela SEI (Software Engineering Institute). Uma opção 100% brasileira é o MPS.Br, da SOFTEX, com as certificações de introdução, implementadores, avaliadores e de melhoria de processos.
Não há dúvidas que a certificação PMP é o primeiro grande objetivo de um gerente de projetos, porém a continuidade torna-se cada vez mais necessária. As alternativas são as mais variadas possíveis, e a área de atuação pode ajudar a definir o caminho. Buscar uma certificação de outra metodologia de gerenciamento de projetos e outra de modelo de maturidade tendem a ser opções interessantes.
Sobre o futuro, se eu fosse apostar em uma certificação promissora para a área de projetos, inovaria e colocaria minhas fichas na LEED Accredited Professional, da GBCI (Green Building Certification Institute), pois o conceito de sustentabilidade e a preocupação com o meio ambiente são cada vez mais evidentes na implantação de novos projetos, seja qual for o ramo de atividade da empresa.
Muitos defendem que o importante é apenas possuir o conhecimento e saber colocá-lo em prática, e que a certificação é dispensável. É claro que profissionais que se limitam apenas à teoria tendem a fazer sucesso apenas na área acadêmica, porém como provar ao mercado que se realmente conhece o assunto? Mas essa é outra discussão...